quarta-feira, 18 de maio de 2011


Nuvens movediças,
Devoram o céu da boca salivante;
Cai um grão límpido sobre a língua musculosa e embaraçada,
Instantaneamente desperta a sede insaciável!                                              
Dei por mim apegar-me a doçura!
Refiro-me a todas elas,
As que se tornam amargas,
E as que causam culpa.
Fábula orgânica,
Qualquer gota de soro de aflição que escorre de um dos olhos entristecidos e desamparados,
Desmancham imediatamente,
Sem piedade alguma!
E o que era doce torna-se salgado como a imensidão azul do pélago extinto!
São dissolvidos pelo sal que queima a boca como labareda ardente
e a língua se corta,
E sangra tanto quanto um sufocante abate!
Corroendo e enfraquecendo o corpo latejando por sede de esperança sólida
Perde-se a lucidez e há vertigem,
Perco-me na cela sobre a caixa craniana turbulenta,
Afoguei- me e recuperei o oxigênio que me faltava.
E o pélago seca,
Seca como minha boca,
Seca como as poucas palavras,
E seca-me por inteiro.

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